Então

quinta-feira, 10 de julho de 2008

DESCOBRIMENTO DO BRASIL

- Dom Cabral, quero avisar que a tripulação está com fome!
- E per che não come?
- Porquê não há comida!
- E per che não há comida?
- Porquê acabou!
- E per che acabou?
- Porquê comeram!
- E per che comeram?
- Porquê tinham fome!
- Tá vendo, deviam ter esperado!...





E assim seguimos nosso caminho, por este mar de longo, até que terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra, A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pois o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz!
E dali avistamos homens que andavam pela praia, uns sete ou oito, A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos... ...Seus corpos são tão formosos que não podem ser mais. enquanto ali andavam, dançaram e bailaram sempre com os nossos, ao som de um tamboril nosso, como se fossem mais amigos nossos do que nós seus.
A terra de cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é toda praia... muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver senão terra e arvoredos -- terra que nos parecia muito extensa.
Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; E desta maneira dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta Vossa terra vi. Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.

Pero Vaz de Caminha.

A Carta de Caminha, foi o primeiro registro geográfico, etnográfico e histórico da terra recém descoberta, a certidão de batismo e nascimento do Brasil pelos portugueses, que transpondo o abismo oceânico povoado de monstros... houveram vista de um novo mundo que amanhecia depois da noite medieval. Antes somente imaginada nos contos célticos de uma ilha mitológica onde “...não há calor nem frio excessivos, tristeza, fome ou sede...”, a ilha “Brazil”, que se tornava invisível ao ser tomada por uma súbita bruma sempre que os marujos se aproximavam dela.

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